Há já vários dias que o Diego anda a testar os meus limites em relação à ingestão de sopa. Protesta, argumenta que não tem espinafres e não vai ficar forte como o Popeye, empurra o prato, mas acaba por comer depois de alguma insistência. Hoje arriscou demais! Mesmo a olhar nos meus olhos, entornou a sopa. Até era capaz de desculpar algum dia de sopa, mas depois deste comportamento não o podia permitir, porque senão amanhã iria repetí-lo. A minha reacção foi levá-lo para o castigo e dizer-lhe que hoje ía para a cama sem comer, que ele próprio tinha derramado o seu jantar. Depois de uns curtos minutos no castigo, chamou-me, abraçou-me e pediu-me desculpa, que queria comer a sopa toda e o outro prato. Que mãe resiste a estes abraços e conversas?! Ponho-me a pensar se seria capaz de cumprir o que lhe tinha dito, mas tenho a certeza acho que não, que não conseguiria, que sou um coração mole. No entanto, também sei que não deveria ameaçar com algo que não vou cumprir, porque mais dia, menos dia, o Diego, a Maria e o Dinis vão perceber esse ponto fraco e depois tenho os três a entornar as sopas. Hoje correu bem, amanhã logo se verá, e acho que é assim que devemos pensar. Apesar de haver muitos conselhos para lidar com as birras, considero que não há receitas milagrosas, há instinto e mais ou menos paciência.
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