Estou há dois dias para escrever sobre o nosso fim de semana, mas não consigo. Não consigo enquanto o nó na garganta não se desfazer, enquanto me lembrar das 64 mortes, maioria das quais naquela estrada, dentro dos carros, a tentar fugir ao fogo, como qualquer um de nós faria numa altura de aflição. Fugir, sem olhar para trás para proteger os nossos. Mortes que deixaram de ser números quando começámos a conhecer os rostos e as histórias, famílias inteiras, filhos e pais que estavam de férias, longe de pensar o que estava para acontecer. Dói-me o coração só de pensar...
O que foi o nosso fim de semana ao pé desta tragédia?! Não foi nada, mas valeu por muito, porque estamos cá, porque hoje pude ir buscar os meus filhos à escola com direito às birras do costume, porque hoje os posso deitar e dar-lhes um beijinho de boa noite e dizer-lhes o quanto os amo. Só posso estar grata por isso!
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